
O sarrafo subiu.
E o “critério imagético” da audiência também.
A máxima de que uma imagem vale por mil palavras nunca foi tão verdadeira.
Desde o surgimento da internet, e principalmente redes sociais, textos encolhem em proporção aritmética enquanto o uso de imagens cresce em proporção geométrica.
Imagens tomaram conta de tudo.
Registros, notícias, homenagens, propagandas.
Lembra do conceito do Sprite: Imagem não é nada. Sede é tudo?
Tenho dúvidas se funcionaria tão bem hoje.
Já reparou como ninguém mais conta piada?
Até elas viraram imagem.
Abre aí aquele seu grupo bagunceiro do whatsapp e fala que tô mentindo, fala.
Agora é tudo meme; uma imagem com duas, três palavras no máximo.
Aliás, passou de 5 linhas, virou textão.
Que em menos de 5 minutos já recebe aquele comentário com a imagem do Samuel L. Jackson usando um tapa olho.
Verborréia? Imarréia.
O fato é, estamos consumindo mais imagens, porque estamos gerando mais imagens. Basta olhar o número de fotos e vídeos na biblioteca do seu celular.
Aproveitando, você sabe qual é a máquina fotográfica mais usada do mundo?
Acertou, o celular.
Dizem que de médico e louco todo mundo tem um pouco.
Eu atualizaria essa outra máxima para:
De médico, louco, fotógrafo, diretor e diretor de arte todo mundo tem bastante.
Fotografar, filmar, editar, cropar, re-enquadrar, aplicar filtros, alterar luz, cor, contraste e tratar imagens antes de postar é o novo hobby mundial.
Certamente essa prática não vai levar todo mundo a perfeição.
Mas que esse exercício melhorou e ainda vai melhorar muito o olhar, senso estético e visual de muita gente, isso é inegável.
Talvez isso seja um dos motivos pelos quais está cada vez mais difícil chamar atenção da audiência.
Só imagens bonitas já não bastam mais.
A evolução do “critério imagético” é um caminho sem volta.
Cristiano Cera – Diretor e Roteirista do Big Studios